sábado, 10 de janeiro de 2015

de madeira

eu tô é doente da alma
doente do sangue que insiste em dizer que ainda aguenta

meu
corpo que mal se sustenta ainda aqui aquece de nervoso
e que se destrua
por debaixo das convenções ilustrativas de quem diz me cuidar
pra quem controla é tudo imagem


eu não tenho dignidade, não agora
não sei mais até que ponto eu sou eu pra assumir e sofrer
e aqui tem gente que grita e eu não enxergo

mas aqui dentro tem gente que morre e eu não ouço
tem algo doentio e truculento consumindo minhas telas

eu sou tão fraca que tomaram todos os sistemas que compõem quem aqui fala
e só fala porque sente
sente dor de impotência e fragilidade
todavia passarão e se apagarão
eu passarei

eu odeio todos esses papéis de letras garranchadas que me enfiam drogas
odeio todos esses números que dizem saber sobre minha existência
a minha medíocre existência que a vocês pouco importa
eu sou baixa demais pra essa conversa

"lamento teu arrependimento
e a tua agonia de estar corroendo-se de enfermidade e insuficiência,
azar,
ainda tem muita volta
sete voltas de coragem,
não é nada, nada! por deus,
eu tenho que gritar?"

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