sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dibujo

ahora que estoy sola
caminando por la calle,
la noche me mira
com sus ojos negros.

qué hago?
qué digo?

el viento no me contesta,
pero no no, no te va,
quedate acá.
"Seria inútil viver na solidão, pois tu não vives nela."
eu te risco, te rasgo, te amasso, te jogo no chão,
te piso com força e digo que te odeio.
mas
eu sempre volto, te pego do chão, te desamasso,
te olho, te beijo, te admiro e digo que te amo.
Ontem eu morri,
Por mim,
Por ti,
Por nós.
Morri duas vezes ainda,
Mas uma foi sem querer.

Mesmo

mesmo mesmo mesmo assim, eu voltei para mim
mesmo mesmo mesmo sem querer, consegui me esconder
mesmo mesmo mesmo em mim, eu não tenho fim

mesmo mesmo mesmo aqui, eu quero ir ali
mesmo mesmo mesmo eu esqueci, e não vivi
mesmo mesmo mesmo andando, eu quero ir pulando

mesmo mesmo mesmo enfim, eu não te quero em mim.

foda-se

Sentada em uma cadeira e com os pés apoiados na mesa, ela fuma e pensa, pensa muito, sobre tudo, todos e qualquer coisa que passe pela mente. Qualquer que seja o assunto, ela reflete, repara nos móveis próximos, móveis dos quais ela nunca tinha observado bem, agora eles parecem estranhos como se estivessem à venda em alguma loja e nunca os tivesse visto na vida, ela continua a pensar.
Lembra do seu passado, dos fatos importantes de sua vida, e dos mínimos detalhes que não fariam diferença alguma se os esquecesse, lembra de absolutamente tudo - nada escapa. Ela acaba se perdendo em meio de tantas informações, coisas e acontecimentos vem vindo rápido demais, ela balança a cabeça de um lado para o outro como se fosse espantar tudo, sacudindo o cabelo castanho que consequentemente faz cócegas nos ombros. Pronto, tudo branco, ela não pensa em nada - claro que pensa, ela só acha que não. Levanta da cadeira devagar, ajeita o vestidinho floral, dá a última tragada e apaga o cigarro no cinzeiro branco que está na mesa, porém ela volta a sentar, não há nada para se fazer, apenas pensar.
A sua casa agora parece diferente, como se nunca tivesse entrado lá, ela se sente estranha, no lugar errado, uma intrusa. Acende outro cigarro com um isqueiro vermelho que estava ao lado do cinzeiro, ela dá tragadas longas, depois soprando toda a fumaça para cima, e começa a pensar novamente.
Ela nunca entendeu o porquê de estar aqui, existindo, ela nunca descobriu, “por que tudo isso, pra quê?” ela se questiona. Agora, sentada fumando, olhando para o vazio, essa dúvida parece mais forte, muito mais forte. Nada faz sentindo e nunca fez, ela sempre esteve ciente disso, por que iria continuar? Quem ou o que a faria pensar que é importante, que é especial, e que deve continuar vivendo a sua vida esperando surpresas à cada curva? Ela não é feliz e nunca foi, neste momento se sente tão vazia, oca, e sozinha - não que precise de alguém, porque a sensação que sente é de isolamento - ela não quer continuar com tudo isso.
E começa a procurar motivos que a façam pensar que "tem muito pela frente” e que ainda pode fazer uma infinidade coisas, porém não encontra nada. Lembra dos sonhos da infância que não foram realizados, estes agora parecem tão fúteis. Ela apenas quer morrer, essa sempre foi a sua vontade, o seu desejo, a prova de sua coragem, e agora isso parece muito mais certo do que sempre foi, porque para ela, viver é um direito e não uma obrigação.
Ela não têm problemas grandes o suficiente para aterrorizá-la, ou coisas horrorosas que a assustem todas as noites antes de dormir, ou fatos terríveis e tristes que deseja esquecer e nunca conseguiu, ela não possui nada disso, ela apenas anseia pela morte. Deixar de viver seria a sua grande conquista, o maior teste dos seus limites, e como já dito, a maior prova de sua coragem. Ela quer isso, ela realmente quer de verdade. Apesar dos poucos amigos que têm, das poucas diversões nos finais de semana, do trabalho insuportável, ou das risadas lendo livros de bolso, ela está decidida sobre deixar de existir, porque ela não precisa de nada disso e nada disso precisa dela.
Agora ela se sente aliviada, e feliz por estar quase deixando isto tudo, a sensação de conforto toma o seu corpo, ah e ah, a doce quase-morte lhe dá água na boca, sentimento inefável que a faz estremecer. A decisão é séria, ela está completamente determinada e nada a faria desistir.
Ela irá morrer.



(esse não é meu)