sexta-feira, 21 de agosto de 2015

DE NOVO(velho)


eu acredito fielmente na tua sobrevivência diante deste rio gélido
acredito que desta vez num outro continente tu voltas vivo
eu juro que acredito
mas não nego que neva no teu peito.
pior que sempre na segunda vez em que creio na verdade já superada, é sempre mentira. hahaha

eu tô curiosa pra saber qual é a tua dor de hoje que te faz olhar pra baixo e chorar as mágoas rotineiras
é tão alto e tão cinza que parece porto alegre
na janela
da janela

"eu posso sentar no chão do aeroporto e esperar mas eu estaria sendo hipócrita ao fotografar o afeto que deita no meio da multidão turva afeto que abraça e lacrimeja de saudade e idealismo"

tem tanta gente aqui me falta o ar
todavia eu que controlo a infinidade dessa máquina cruel e inteligente
eu sou dona disso tudo, consciência sofrida

eu espero porque a socialização não falha, me fez
me fere e eu continuo cortando
fímbria de resistência afaga anseio
volta

e me olha


morro púrpura morro amarga sozinha tremendo no banheiro
no teu banheiro mármore branco
quarto marfim coberto de pó
e eu só repito as dores e os nomes

estamos congelados
por favor, nos coloque no microondas 

respira

teu perfume nojento e caro tá no meu cabelo mas na tua cama eu não deitei
eu sou estou sozinha nessa longa rua
e que tenham visto, e que tenham dito sobre nossos corpos próximos
eu sou minha mesmo

a gente é fabricado
tão fabricado que deveríamos nos vender
desculpa
já nos vendemos e não sabemos

a tua ilusão é gostosa.

ontem eu estive na tua cama e quis morrer púrpura