sábado, 1 de novembro de 2014

Da janela

Hoje no ônibus alguém usava o mesmo perfume que o teu
Lembrei das tuas roupas

"Adivinha o que eu trouxe?"
"Maconha?!"
"Sim!"
"Eu te amo!"

Tu merece todo e qualquer afago
Tu é livre
Mas não corajoso
Tu não sofre - só no pesado silêncio da desaprovação da tua família

Covarde!
Pra quem tu escreve?
Fez tão pouco em tanto tempo
Tu é um rio gelado

Todavia minh'alma não te julga,
Só ajoelha e chora baixinho.
Estás indo!

Me perdoa
Me perdoa
Eu me afoguei na minha própria insuficiência

Em 15 horas a tua solidão será levada à barbárie
E eu juro que volto, se pedir, eu volto

"Mas eu fui tão paciente e me esforcei tanto"
Que dor, quanta dor
Nessa calçada
Eu chorei na escada

Eu odeio a tua rua