sexta-feira, 3 de julho de 2020

as quadras todas iguais,
mas arborizadas

mais um apartamento em Porto Alegre
"e se alguém perguntar, tu dormiu na sala"

assim tu continua aparecendo nos meus sonhos
como quem não quer nada
só pra fazer me suspirar mais uma vez

um final de tarde no centro
os prédios laranjas
semáforo
carros
gente
em Porto Alegre!

em 2012
o cabelo azul e a dor no banheiro
ela olha pra mim e eu olho pra ela
ela sabe? eu sabia, a vergonha de ser "a outra'
A oportunidade que tive, depois de 4 anos, tocar teu corpo .

Nem nos meus melhores sonhos eu tive.



quarta-feira, 17 de junho de 2020

ainda pareces um estranho
tuas fotos são como as de um desconhecido
é duro acreditar que agora estás ao meu lado
e que se assim eu desejar, serás meu amor.

18 horas de distância não foram nada
nem 6 anos de suspiros foram assim tão largos

hoje eu não idealizo, gosto do que vejo
hoje eu não imagino, eu vejo

o futuro, o que será do futuro?
eu não sei e tu te assustas
 "tudo que era sólido se desmancha no ar"





sábado, 30 de maio de 2020

"olha.."
com o estômago embrulhado eu olhei a foto e a descrição
a descrição, em específico, eu li três vezes para ter certeza se havia compreendido
transparecendo normalidade, meu rosto ardeu e o meu coração congelou
"ela.. ela fez isso?"
"não, fui eu"

meus olhos se encheram de lágrimas, mal conseguia enxergar a imagem que esverdeada, virou um borrão vermelho sangue
engoli qualquer expressão
ânsia
quase derrubei o copo
e na preocupação de não julgar, não disse nada
respondi na mesma normalidade em que me mostrou
mas senti um tremor de desespero no corpo

eu posso chamar de amor.. a pena?
senti afeto e pesar
tu estavas sozinho

a dor que rasgou tua pele, a tua angústia de ser
não mais será

e na minha companhia esforçada eu olho para o futuro ainda que presa nas naqueles do passado
ela ela ela ela
são muitas
As Dores
E os Amores.

não importa o que eu diga e o quanto eu sinta
tudo parece brega e desajeitado perto
do silêncio e das palavras bem construídas recheadas de significados ocultos

num mês
um apartamento estranho
no outro, "esse lugar nunca foi tão meu!"

- E se não fosse tudo isso, estaríamos aqui?

- Onde vamos?
- Eu não sei.
e por todas as razões e ao mesmo tempo nenhuma, sempre atravessamos a ponte.
Angústia e aflição do teu lado
No pesado silêncio e desânimo

Eu sou corajosa e firme no amor
Eu aguento e não julgo, mesmo que faça frio

Um verão na praia
E um inverno no apartamento

Aconteceu tudo que desejei
Velho
Escrevi sobre a tua vida nos últimos anos, dediquei minhas palavras e pensamentos
E muito amor por ti

Quanto mais quero atravessar essa ponte, mais ela treme
Não me deixa

Mais uma noite em que a indecisão termina num prato em cima da mesa
E isso se repete, e eu lembro de tudo
Cada detalhe
Fímbria

Eu vou pular.





domingo, 19 de março de 2017

maldita hora em que tu resolveu sentar nas escadas do prédio, maldita hora em que eu estava sóbria o suficiente pra estar completamente puta e ter a coragem a coragem e a fragilidade de chorar em tua frente
e não devia ser assim
eu não sou assim
e nem tava chovendo mas foi tão triste

chorei 6 quadras
foda-se
tu quase me atropelou e nem viu
e o pior das minhas confusões é que nesse dia tu nem existia neste continente

aqui tu volta e diz que só quer uma desculpa pra despir-se
"ele a acompanhou lá pra trás do prédio, ela tinha que fazer xixi, todavia eu sangrava e estava lá. Ele ficou esperando, olhou pro céu, mexeu no celular caro para ver as horas, e me olhou, e a moça foi fazer xixi no cantinho das moças que fazem xixi atrás de prédios nas festas da faculdade









sexta-feira, 21 de agosto de 2015

DE NOVO(velho)


eu acredito fielmente na tua sobrevivência diante deste rio gélido
acredito que desta vez num outro continente tu voltas vivo
eu juro que acredito
mas não nego que neva no teu peito.
pior que sempre na segunda vez em que creio na verdade já superada, é sempre mentira. hahaha

eu tô curiosa pra saber qual é a tua dor de hoje que te faz olhar pra baixo e chorar as mágoas rotineiras
é tão alto e tão cinza que parece porto alegre
na janela
da janela

"eu posso sentar no chão do aeroporto e esperar mas eu estaria sendo hipócrita ao fotografar o afeto que deita no meio da multidão turva afeto que abraça e lacrimeja de saudade e idealismo"

tem tanta gente aqui me falta o ar
todavia eu que controlo a infinidade dessa máquina cruel e inteligente
eu sou dona disso tudo, consciência sofrida

eu espero porque a socialização não falha, me fez
me fere e eu continuo cortando
fímbria de resistência afaga anseio
volta

e me olha


morro púrpura morro amarga sozinha tremendo no banheiro
no teu banheiro mármore branco
quarto marfim coberto de pó
e eu só repito as dores e os nomes

estamos congelados
por favor, nos coloque no microondas 

respira

teu perfume nojento e caro tá no meu cabelo mas na tua cama eu não deitei
eu sou estou sozinha nessa longa rua
e que tenham visto, e que tenham dito sobre nossos corpos próximos
eu sou minha mesmo

a gente é fabricado
tão fabricado que deveríamos nos vender
desculpa
já nos vendemos e não sabemos

a tua ilusão é gostosa.

ontem eu estive na tua cama e quis morrer púrpura