sábado, 30 de maio de 2020

"olha.."
com o estômago embrulhado eu olhei a foto e a descrição
a descrição, em específico, eu li três vezes para ter certeza se havia compreendido
transparecendo normalidade, meu rosto ardeu e o meu coração congelou
"ela.. ela fez isso?"
"não, fui eu"

meus olhos se encheram de lágrimas, mal conseguia enxergar a imagem que esverdeada, virou um borrão vermelho sangue
engoli qualquer expressão
ânsia
quase derrubei o copo
e na preocupação de não julgar, não disse nada
respondi na mesma normalidade em que me mostrou
mas senti um tremor de desespero no corpo

eu posso chamar de amor.. a pena?
senti afeto e pesar
tu estavas sozinho

a dor que rasgou tua pele, a tua angústia de ser
não mais será

e na minha companhia esforçada eu olho para o futuro ainda que presa nas naqueles do passado
ela ela ela ela
são muitas
As Dores
E os Amores.

não importa o que eu diga e o quanto eu sinta
tudo parece brega e desajeitado perto
do silêncio e das palavras bem construídas recheadas de significados ocultos

num mês
um apartamento estranho
no outro, "esse lugar nunca foi tão meu!"

- E se não fosse tudo isso, estaríamos aqui?

- Onde vamos?
- Eu não sei.
e por todas as razões e ao mesmo tempo nenhuma, sempre atravessamos a ponte.
Angústia e aflição do teu lado
No pesado silêncio e desânimo

Eu sou corajosa e firme no amor
Eu aguento e não julgo, mesmo que faça frio

Um verão na praia
E um inverno no apartamento

Aconteceu tudo que desejei
Velho
Escrevi sobre a tua vida nos últimos anos, dediquei minhas palavras e pensamentos
E muito amor por ti

Quanto mais quero atravessar essa ponte, mais ela treme
Não me deixa

Mais uma noite em que a indecisão termina num prato em cima da mesa
E isso se repete, e eu lembro de tudo
Cada detalhe
Fímbria

Eu vou pular.